O setor da defesa deve captar as gerações mais jovens e integrar projetos internacionais de relevância, defende Nuno Rogeiro, especialista em assuntos militares e política internacional que há mais de 20 anos é presença assídua na SIC. Nos programas Jogos de Poder, Leste/Oeste e Guerra Fria, com José Milhazes, analisa o contexto geopolítico global que, nos últimos anos, se tem tornado mais complexo. Ao olhar para o setor da defesa em Portugal, destaca a “consciência tecnológica”, que diz estar “bem viva” nas forças armadas, e adianta que a ideia de “nicho” de inovação faz sentido. “Não conseguiremos fazer tudo, ao mesmo tempo, em toda a parte.”
O mundo vive uma fase de mudança geopolítica profunda. Que implicações tem essa transformação na Europa e, em particular, em países como Portugal? Estamos preparados para essa mudança em termos de capacidades, talento e cadeias de fornecimento?
As mudanças bruscas apanham geralmente os países e as regiões de surpresa, em todo ou em parte, sobretudo se falarmos de uma transformação de sociedades e economias de paz em sociedades e economias de guerra. Historicamente, e caricaturando, ninguém está preparado para sair da praia e empunhar armas, sobretudo se as nações deixaram há muito de pensar em termos de milícia permanente ou de ameaças constantes.
Por outro lado, Portugal ainda vive um certo preconceito contra as indústrias e tecnologias da área da defesa, entendendo-se muitas vezes que estas roubam espaço, oportunidades e esperanças aos empresários, especialistas, formadores e formandos, investigadores e bolseiros, e beneficiários de fundos públicos e privados de domínios não ligados aos conflitos e às tensões.
Há ainda a salientar que, por razões conhecidas, Portugal desmantelou a sua indústria de defesa, perdendo com isso conhecimento, infraestruturas, empregos e oportunidades. Mas está amplamente demonstrado que temos muitas entidades científicas e tecnológicas que, com investimento suficiente, podem introduzir produtos, mais-valias, patentes e inovações no domínio da defesa, com aplicação dual ou vocacionadas para o universo militar.Este, porém, está intimamente ligado a áreas relevantes para as crises atuais, da defesa aérea à proteção civil, da segurança das comunicações ao desenvolvimento de novos sensores, da operação de veículos não tripulados à medicina de emergência, da proteção do espaço marítimo ao combate à criminalidade organizada, à sabotagem, aos desastres não naturais e à falsificação de conteúdos e inviabilização de infraestruturas.
Leia aqui a entrevista completa.