Portugal e Moçambique realizaram a 9 de dezembro, no Porto, a VI Cimeira Bilateral, à margem da qual decorreu o Fórum Económico Portugal–Moçambique, organizado pela AICEP, e que contou com a participação do Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, e do Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro. O encontro fortaleceu a cooperação bilateral e abriu novas oportunidades de negócio entre os dois países, com mais de duas dezenas de acordos assinados que envolvem os dois Estados e destaque para os setores das Infraestruturas e Digital.
Madalena Oliveira e Silva, presidente da AICEP, destacou a solidez da presença económica portuguesa em Moçambique: “A participação massiva de empresas portuguesas e moçambicanas neste Fórum demonstra bem a ambição e o dinamismo da parceria entre os nossos países. Portugal e Moçambique têm um longo legado comum. Partilhamos língua, laços culturais e uma história que, ao longo do tempo, deu origem a uma parceria económica madura e profícua para ambos”.
O Presidente da República de Moçambique e o Primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, frisaram a confiança mútua e anunciaram uma linha de crédito de 500 milhões de euros para investimento em setores estratégicos, como energia, turismo e transição digital.
Daniel Chapo sublinhou que o encontro foi “uma celebração de uma relação histórica, construída em séculos de convivência e fortalecida por laços humanos e empresariais”. Considerou Portugal “um parceiro privilegiado” e destacou o ambiente cada vez mais favorável ao investimento no país. “Queremos abrir Moçambique ao negócio, ao investimento, com uma economia que gera emprego.” Recordou ainda a forte presença empresarial portuguesa e o anúncio de uma linha de crédito de 500 milhões de euros para apoiar investimentos em áreas como energia, turismo ou transição digital. “Moçambique quer parceiros de longo prazo. Temos tudo para escrever um novo capítulo nas relações entre Portugal e Moçambique.”
Luís Montenegro reforçou a importância do Fórum e o interesse gerado. Recordou que passaram três anos desde a última cimeira e sublinhou que Portugal e Moçambique são “parceiros de sempre e parceiros fiáveis”, com condições para aprofundar uma relação “sólida e consistente”. Reconheceu o potencial de transformação em áreas como educação e justiça, salientando que essas reformas dependem de uma economia robusta. “Este é um tempo de oportunidades em que a palavra de ordem é confiança — entre governos, entre empresas e junto dos agentes económicos.” A linha de crédito agora anunciada constitui, afirmou, “um sinal inequívoco da confiança que temos em Moçambique”. “Esta é uma parceria de confiança e de futuro.”
Reforçar a cooperação em áreas estratégicas
Madalena Oliveira e Silva recordou que a AICEP mantém presença em Maputo para apoiar o desenvolvimento das relações económicas e destacou a relevância de aprofundar a cooperação, sobretudo em áreas como Infraestruturas e Transformação Digital, tema central do Fórum. Enfatizou ainda o peso das empresas portuguesas em Moçambique: “Portugal é o parceiro europeu com maior presença empresarial no país e 25 das 100 maiores empresas têm capitais portugueses”. Referiu que Portugal é simultaneamente o 7.º maior investidor e 7.º fornecedor, com cerca de 500 empresas instaladas, um stock de investimento direto superior a dois mil milhões de euros e um comércio bilateral que, em 2024, atingiu 557 milhões de euros. “Estes valores não são apenas estatística: traduzem-se em empregos.”
Para a presidente da AICEP, é essencial garantir previsibilidade no ambiente de negócios, fortalecer o diálogo institucional e assegurar instrumentos de apoio que permitam investimentos sustentáveis. Sublinhou que Portugal está disponível para partilhar conhecimento técnico e reforçar parcerias “em áreas onde o know-how português é reconhecido, como infraestruturas e transformação digital, energia, saneamento e agricultura.”
Ambiente de negócios e instrumentos de apoio ao investimento
No primeiro painel, dedicado ao ambiente de negócios e aos instrumentos de apoio ao investimento, Luís José Machava, presidente da Agência de Promoção de Investimentos e Exportações moçambicana (APIEX), afirmou que este momento representa “um ponto de partida”. Incentivou os empresários a acreditarem no seu potencial, a fortalecerem as suas redes e convidou as empresas portuguesas a reconhecerem Moçambique como um parceiro privilegiado.
Joana Gaspar, administradora da AICEP, destacou o trabalho da Agência na promoção do acesso às oportunidades de negócio e financiamento disponibilizadas pelo chamado mercado das multilaterais. Referiu igualmente a presença de Portugal em instituições como o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento e o Banco Europeu de Investimento, bem como o alinhamento com a Estratégia Global Gateway da União Europeia e outros instrumentos de ação externa e cooperação internacional.
“Existe um enorme potencial por explorar na relação entre Portugal e Moçambique, com instrumentos diversificados, flexíveis e adaptados às exigências setoriais e aos desafios da sustentabilidade”, afirmou. Como exemplos, mencionou o Compacto Lusófono e o Investment Hub, sublinhando que “o mercado das multilaterais é uma oportunidade a não desperdiçar por um país como Moçambique, que tem amplo acesso a este tipo de investimento.”
O Fórum contou com a colaboração da Agência de Promoção de Investimentos e Exportações moçambicana (APIEX), da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), da Câmara de Comércio Portugal–Moçambique (CCPM) e da Câmara de Comércio Moçambique–Portugal (CCMP).