O mercado de transporte verde no setor marítimo poderá atingir 10 mil milhões de dólares até 2030, de acordo com o estudo “The $10 Billion Opportunity in Green Shipping”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG). Esta estimativa tem por base a predisposição da maioria dos proprietários de carga para pagar um preço acrescido por transporte sustentável, sendo que 80% destes assume estar disposto a pagar, em média, um acréscimo de 4,5% pelo transporte marítimo verde em comparação com o convencional.
Apesar do forte interesse em soluções de transporte marítimo sustentáveis, o crescimento da disposição para pagar esse valor extra por transporte marítimo verde desacelerou, passando de +1% ao ano entre 2021 e 2023 para +0,5% em 2024. Este abrandamento é um reflexo da incerteza regulatória e da limitada maturidade do mercado de combustíveis alternativos. As empresas aguardam por um enquadramento mais claro para tomar decisões de longo prazo, o que tem travado a adoção mais generalizada destas soluções.
Ao mesmo tempo, as transportadoras enfrentam um ambiente complexo que impede uma adoção mais rápida e generalizada, com fatores como a escassez de combustíveis verdes, falta de transparência e rastreabilidade, e impactos geopolíticos que influenciam a estabilidade global. Mais ainda, a ausência de transparência, rastreabilidade e confiança nas soluções de combustíveis verdes constituem uma barreira relevante, levando muitos clientes a rejeitar as ofertas disponíveis devido à incerteza quanto aos benefícios reais. Neste contexto, a capacidade de interpretar o mercado, construir confiança e agir de forma estratégica pode ser determinante para capturar valor.
Segmento dos proprietários de carga líderes é responsável pela maioria do crescimento no setor do transporte marítimo verde
Com base na disposição para adotar soluções de transporte sustentável, a BCG identificou três segmentos principais de proprietários de carga: empresas pioneiras, seguidoras e resistentes. As pioneiras lideram a adoção de soluções verdes e são responsáveis pela maior parte do crescimento do mercado de transporte marítimo sustentável, estando dispostas a pagar mais de 5% de valor acrescido por alternativas com menor pegada carbónica. Mais de 90% destas organizações têm metas de redução das emissões da cadeia de valor e 75% alocam parte do orçamento para atingir esses objetivos. As empresas seguidoras, por sua vez, revelam abertura à transição, com disposição para pagar um acréscimo entre 1% e 5%. No entanto, continuam dependentes de maior clareza regulatória antes de se comprometerem plenamente. Cerca de 75% têm metas de redução das emissões, mas apenas 60% afetam parte do orçamento para avançar com essas metas. Por contraste, as empresas resistentes mantêm uma postura reativa, não estando dispostas a pagar qualquer prémio por soluções sustentáveis e adotando combustíveis verdes apenas quando tal for exigido por regulamentação obrigatória. Apenas cerca de 40% têm metas de emissões e, entre as que têm, apenas uma minoria afeta recursos para as concretizar.
O estudo, baseado num inquérito a 125 executivos do setor, incluindo diretores de logística e da cadeia de abastecimento, está disponível na íntegra aqui.