Lisboa vai acolher, dia 2 de julho, a Conferência “Economia de Defesa – Estratégias e Impacto no Contexto Geopolítico”, numa iniciativa da AIP – Associação Industrial Portuguesa e da Eurodefense-Portugal, e que reunirá decisores políticos, líderes empresariais e especialistas em segurança para debater o papel da economia de defesa na nova ordem mundial.
O setor da Defesa em Portugal conta atualmente com cerca de 380 empresas, cum uma faturação agregada que ronda os 5 mil milhões de euros e representa 2% das exportações nacionais. A Base Tecnológica e Industrial de Defesa (BTID) é composta maioritariamente por micro, pequenas e médias empresas, organizadas em clusters que incluem áreas como engenharia, software, têxteis técnicos, robótica e reparação naval. O cluster AED (Aeronáutica, Espaço e Defesa) representa sozinho cerca de 1,4% do PIB, com previsão de atingir 3% nos próximos anos.
A União Europeia está a atravessar um momento de redefinição profunda da sua arquitetura estratégica. Com um orçamento global de cerca de 200 mil milhões de euros para os próximos anos e com a meta de cada Estado-membro investir até 5% do seu PIB nacional em defesa, a Europa prepara-se para enfrentar os desafios de um mundo multipolar, instável e tecnologicamente competitivo.
A nova estratégia europeia para a defesa não se limitará ao reforço militar. Trata-se de uma abordagem integrada com o objetivo de consolidar a autonomia estratégica da Europa, reduzir dependências externas em setores críticos e estimular a base industrial e tecnológica de defesa europeia. O investimento previsto será canalizado para áreas como investigação e desenvolvimento, produção de equipamentos, ciberdefesa, inteligência artificial e sistemas autónomos, com forte envolvimento do setor privado.
A Comissão Europeia tem vindo a destacar a importância de envolver as PME e startups tecnológicas neste esforço, criando mecanismos de financiamento e incentivos para que estas empresas possam adaptar-se às exigências do setor da defesa, sem comprometer os seus princípios de inovação civil.
A sessão de abertura da Conferência contará com intervenções do Secretário de Estado da Defesa, Álvaro Castelo Branco, José Eduardo Carvalho, Presidente da AIP, e do General Luís Valença Pinto, Presidente da Eurodefense.
O Major-General Filipe Arnaut Moreira, abordará as “alterações geopolíticas, os investimentos na indústria da defesa e os seus impactos económicos”, seguindo-se um espaço de debate com a participação da Tekever, João Carreira, CEO da Critical Software, Nelson de Souza, ex-ministro do Planeamento e ex-gestor de fundos europeus e Nuno Gama de Oliveira Pinto, Vice-Presidente da Eurodefense.
O debate irá centrar-se nos apoios previstos para as empresas, com destaque para os instrumentos financeiros que permitirão à indústria nacional posicionar-se como fornecedora estratégica no contexto europeu.
Coesão e políticas sociais: um equilíbrio delicado
Com o foco da Conferência no potencial económico e estratégico da nova economia de defesa, será também discutida a questão do equilíbrio orçamental.
Com os Estados-membros a aumentarem significativamente os seus investimentos em defesa, surgem preocupações legítimas sobre o impacto que tal poderá ter nos fundos destinados à coesão territorial, à educação, à saúde e às políticas sociais.
A discussão procurará lançar pistas sobre como garantir que a segurança e a solidariedade europeias possam coexistir de forma equilibrada.
Portugal como ponto de encontro para o diálogo e a inovação
Com esta Conferência, a AIP, em parceria com a EuroDefense, reforça o seu compromisso em apoiar as empresas portuguesas — em especial as PME — na identificação de oportunidades na nova economia de defesa europeia.
O objetivo é aproximar o setor empresarial das dinâmicas em curso, facilitar o diálogo com o setor público e contribuir para o desenvolvimento de projetos de investimento, inovação e tecnologia.
A Conferência “Economia de Defesa – Estratégias e Impacto no Contexto Geopolítico” representa um momento relevante de reflexão sobre os desafios e oportunidades que se colocam à Europa, numa intersecção entre segurança, economia e inovação.

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Internacionalização
Lisboa acolhe conferência sobre Economia da Defesa
Setor da defesa nacional conta com cerca de 380 empresas, empregando 40 mil pessoas.
AIP/AICEP
01 jul. 2025