Nos últimos três anos categorizado como uma democracia com falhas, Portugal volta agora a integrar um pequeno grupo de 25 países que recebe a avaliação de democracia plenano índice de Democracia produzido anualmente pela Economist Intelligence Unit (EIU).
A melhoria reflete ganhos na avaliação ao funcionamento do Governo e àculturapo- lítica, associados pela publicação a maior crescimento económico e ao equilíbrio das finanças públicas.
De acordo com o resultados do índice de Democracia, divulgados nesta quinta-feira pela unidade de estudos do grupo britânico que publica a revista The Economist, Portugal passou em 2024 a 23.° melhor classificado no "ranking" que avalia 165 países e dois territórios. Para a subida, de oito posições, contou um aumento de pontuação, de 7,75 para 8,08 pontos numa escala de zero a dez,na qual um valor acima de 8,0 permite a classificação de democracia ple na. O resultado pesa indicadores relativos a processos eleitorais e pluralismo, funcionamento do Governo, participação política, cultura política e liberdades civis, a partir de inquéritos da EIU e outros indicadores internacionais.
"Após uma década no deserto económico e político que se seguiu à crise de 2009, e tendo melhorado a pontuação em vários aspetos desde a pandemia da covid-19, Portugal subiu de uma 'democracia com falhas' para uma 'democracia plena'", refere a publicação. Desde 2011 que eram apontadas falhas à democracia portuguesa, tendo 2019 marcado a viragem para democracia plena Mas, àse- melhançado que sucedeu com vários outros países, as restrições impostas aos cidadãos durante o período da pandemia despromoveram novamente Portugal em 2020 e até aqui.
Segundo a EIU, Portugal recebe a melhor pontuação na avaliação dos processos eleitorais e pluralismo (9,58), seguindo-se as das liberdades civis (8,82), da cultura política (8,75) e do funcionamento do Governo (7,14). A participação política é por fim a área mais frágil da democracia nacional nesta avaliação, não indo além dos 6,11 pontos.
A EIU destaca resultados que sugerem que háhqje umamaior fatia dapopulação a acreditar que um sistema democrático forte é bom para a economia, combasenos dados da World Values Survey, etam- b ém a existência demaiorapoioda população ao Governo (45% no Eurobarómetro mais recente).
"Isto liga bem com o desempenho económico mais forte que Portugal tem tido nos últimos anos", analisa. A forte redução do peso da dívida pública, a força do turismo no apoio à economia, e ainda a situação excedentária das finanças públicas permitiram "evi tar batalhas políticas fraturantes sobre cortes orçamentais que têm diminuído o apoio público aos governos noutros países".
Em 2024, só 37países melhoraram a posição no "ranking", marcado novamente pela degradação do índice global. É explicada por um agravamento das condições nos regimes classificados como autoritários (39,2% do total, contrastando com apenas 6,6% de democracias plenas). Na UE, o retrato anual fica marcado pela queda de França para o estatuto de democracia com falhas, enquanto a Roménia, após resultados de eleições anulados do final do ano passado, passa aregime híbrido, entre democracia e autoritarismo.

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Macroeconomia
Portugal volta a ser visto como "democracia plena"
País sobe oito posições no "ranking" que mede qualidade das democracias.
Jornal de Negócios
28 fev. 2025
Imprensa Nacional