A Sonae Arauco é uma empresa com uma história recente, resultante de uma joint-venture entre dois reconhecidos players do setor de painéis derivados de madeira, a Sonae Indústria, em Portugal, e a Arauco, no Chile. Constituída em 2016, a empresa tem-se centrado no desenvolvimento de soluções de madeira sustentáveis com elevado valor acrescentado para as áreas de mobiliário, design de interiores e construção.
Com 11 unidades industriais, 12 centros de reciclagem de madeira e cerca de 2600 colaboradores, a Sonae Arauco está presente em nove países e os seus produtos já chegam a cerca de 70 mercados. A internacionalização, na verdade, iniciou-se ainda no final da década de 80, quando a então Sonae Indústria adquiriu uma empresa na Irlanda do Norte. Na década seguinte seguir-se-iam outras aquisições em Espanha, Canadá, Alemanha e França e investimentos em projetos greenfield no Brasil, África do Sul, Espanha e Reino Unido.
No início do século, a empresa continuou a expansão nestes países, diversificou o portefólio de produtos e investiu na modernização dos ativos industriais. Em 2007 a produção de painéis de madeira já tinha aumentado para 10 milhões de metros cúbicos (m3), em comparação com 2 milhões de m3 em 1997. Depois de 2007, e num contexto de crise global, a empresa foi obrigada a avançar com um plano de reestruturação, com o objetivo de aumentar a eficiência e a flexibilidade, inclusive com o fecho de algumas unidades industriais não competitivas e venda de outras em França e no Brasil.
Atualmente, a empresa tem unidades industriais em Portugal, Espanha, Alemanha e África do Sul. Produz sobretudo painéis derivados de madeira para mobiliário, design de interiores e construção. A sua oferta vai dos produtos decorativos Innovus aos mais técnicos Core & Technical e soluções de construção Agepan. “É um portefólio versátil, com uma vasta gama de aplicações. Uma ótima alternativa à madeira maciça, com um efeito positivo no aquecimento global - uma vez que asseguram uma maior eficiência energética dos edifícios, a que se junta uma notável capacidade de armazenar CO2”, diz Joana Martins, diretora de comunicação corporativa da Sonae Arauco.
Um dos objetivos da empresa é fazer da sua unidade em Oliveira do Hospital uma referência mundial no setor. “Estamos a investir na transição verde e digital da unidade industrial de forma a melhorar a sua competitividade a longo prazo. Ao nível da eficiência operacional, estamos a investir em dois novos armazéns, que vão permitir reforçar a competitividade da empresa e consolidar a sua capacidade de entrega”, adianta Joana Martins. Este projeto inclui a digitalização e automação dos armazéns, bem como do processo produtivo, o que permite aumentar a eficiência e melhorar o impacto das operações.
Em 2021, a Sonae Arauco implementou a primeira fábrica digital, em Linares, e esse projeto já foi replicado em várias unidades industriais, em Portugal, Espanha e Alemanha. “Estas versões digitais das fábricas fornecem, em tempo real, um conjunto extenso e relevante de dados de apoio à tomada de decisão, da entrada na linha à expedição. São mais de 2000 indicadores”, sublinha Joana Martins.
Como um dos principais players mundiais na produção de soluções derivadas de madeira, a Sonae Arauco está comprometida com a valorização deste material natural, renovável e reciclável. “Para nós, a sustentabilidade é uma responsabilidade estratégica integrada em toda a cadeia de valor”, adianta a diretora de comunicação corporativa da empresa. “Desde o fornecimento de matérias-primas até à gestão de produtos em fim de vida, o nosso modelo de negócio integra os princípios da bioeconomia circular. O desenvolvimento de produtos privilegia os materiais renováveis e procura reduzir a utilização de recursos. Ao mesmo tempo, os processos de produção são continuamente otimizados para melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões e minimizar os resíduos”.
Em 2024, a empresa atingiu um volume de negócios de 830 milhões de euros, com as fábricas da Alemanha responsáveis por 48 por cento, as da Ibéria por 41 por cento e a fábrica da África do Sul por 11 por cento. Com vendas em cerca de 70 países, o mercado de destino mais importante foi a Alemanha, com 22 por cento das vendas, seguido de Espanha com 19 por cento, de Portugal com 15 por cento, da Polónia com 11 por cento e da África do Sul com 10,5 por cento.
“Depois de dois anos de queda do volume de negócios, a seguir ao recorde de 2022, com um volume de negócios superior a 1.100 milhões de euros, a expectativa é que em 2025 o volume de negócios cresça cerca de 5 por cento”, adianta Joana Martins. Um crescimento que deverá ser suportado pelo aumento de vendas de produtos decorativos e de soluções de madeira para a construção.
Os principais projetos que a Sonae Arauco tem em curso estão relacionados com o aumento da eficiência operacional, a digitalização, a automação do negócio e o uso da inteligência artificial. Além disso, na área da descarbonização a empresa assumiu o compromisso de reduzir as emissões de dióxido de carbono em 59 por cento até 2029, tendo para isso desenvolvido um roadmap com três linhas de intervenção: a redução de emissões da empresa, a descarbonização dos produtos e a descarbonização da logística.
No que se refere à economia circular, e para além de um investimento recente na criação de uma nova uma linha de pré-triturado em Oliveira do Hospital, a empresa está a concluir a primeira linha de reciclagem de painéis de fibras do mundo, que começará a funcionar no último trimestre do ano, em Mangualde. “A reciclagem é um tema estratégico para a empresa e temos estado a trabalhar, desde há muito tempo, para podermos anunciar este avanço tecnológico”, conclui Joana Martins.