Portugal e o País Basco são dois parceiros estratégicos que partilham uma visão de futuro, disse Madalena Oliveira e Silva, presidente da AICEP, na abertura do Roadshow Portugal – País Basco, que a 9 de julho juntou em Bilbau cerca de 90 participantes.
“Une-nos a ambição de criar valor e gerar conhecimento”, adiantou. Para a presidente da AICEP, setores como a metalomecânica e a saúde, impulsionados pela inovação, “são exemplos de oportunidades reais e estratégicas para crescermos juntos”.
Na sessão de abertura do evento, Madalena Oliveira e Silva deu também como exemplo a importância do setor da defesa e dos produtos e tecnologias de duplo uso, com aplicações nas áreas civil e militar. Entre Portugal e o País Basco, disse, “há espaço para uma cooperação inteligente e frutuosa, para estreitar cadeias de valor e exportar conjuntamente para terceiros mercados”. O futuro da indústria “é colaborativo, digital e sustentável”, sublinhou a presidente da AICEP. “O potencial para unir esforços é enorme”.
“Criar redes ibéricas de negócios é necessário e, mais do que nunca, urgente. O mundo atual exige agilidade e colaboração. Estamos convencidos de que poderemos construir soluções que beneficiem os nossos países e a nossa posição nos mercados internacionais”, concluiu Madalena Oliveira e Silva.
Também o embaixador de Portugal em Espanha, José Augusto Duarte, destacou a importância da parceria entre Portugal e o País Basco. “Neste contexto de aumento de investimento nas indústrias de defesa, Portugal e Espanha devem defender interesses comuns, trabalhar juntos para ganhar escala e competir com as indústrias de defesa a nível mundial”. José Augusto Duarte sublinhou ainda as principais vantagens de Portugal na relação com o País Basco, tais como a proximidade geográfica, a língua e a cultura.
A inovação foi também um dos temas abordados. Maialen Agirre Pinedo, diretora de inovação do Departamento de Ciências, Universidades e Inovação do Governo Basco, destacou o papel da ciência e da investigação para a coesão social e a criação de uma sociedade mais justa.
“Portugal conta com uma economia inovadora”, adiantou, por sua vez, o presidente da Câmara de Comércio de Bilbau, José Ignacio Zudaire, que considerou o país um “sócio preferencial” para o País Basco e justificou a sua afirmação. “Há 121 empresas bascas com implantação em Portugal. Há 1124 empresas bascas a importar de Portugal, que é o sétimo mercado basco para produtos de tecnologia”.
Mobilidade Sustentável, Aeronáutica ou Energias Renováveis, que representam mais de 80 por cento da energia produzida em Portugal, foram alguns dos setores considerados estratégicos pela presidente da AICEP. Mas também a indústria farmacêutica e a biotecnologia que, nos últimos anos, tem registado um aumento expressivo das exportações.
Os fatores de atratividade de Portugal foram também abordados neste encontro. Philomène Dias, diretora da AICEP para a área do investimento estrangeiro, destacou a abertura da economia portuguesa ao exterior, o crescimento de 1,9 por cento do PIB em 2024 ou os 3,4 por cento de crescimento das exportações nesse ano. “As empresas estão a olhar cada vez mais para a Europa Ocidental. Apoiar uma localização estável e com baixo risco é muito importante”, sublinhou, para depois referir alguns rankings que demonstram essa estabilidade. “Portugal está no sétimo lugar entre os países mais seguros do mundo e no 3º lugar entre os países com maior proporção de licenciados em engenharia”. Existem também, adiantou, diversos mecanismos de incentivo ao investimento.
Promover setores estratégicos
Promovido pela AICEP, o Roadshow Portugal – País Basco teve como objetivo apresentar a oferta portuguesa em setores estratégicos, assim como reforçar a atratividade de Portugal enquanto destino de investimento produtivo estrangeiro. Incluiu um programa alargado de reuniões com empresas bascas e apresentações sobre as áreas da Saúde, Metal e Inovação, Ciência e Tecnologia.
Mais de 40 empresas tiveram oportunidade de apresentar os seus produtos ou serviços nas sessões setoriais, em que marcaram também presença representantes de diversas entidades para apresentação dos respetivos ecossistemas setoriais. De Portugal estiveram presentes a AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos e Afins de Portugal, a Agência Nacional de Inovação e o Health Cluster Portugal. A estas juntaram-se as organizações bascas AFM Cluster, que agrega fabricantes de máquinas ferramentas e outros acessórios, o Basque Health Cluster, o Departamento de Ciência, Universidades e Inovação do País Basco e a Innobasque, dedicada à área da inovação.
O País Basco é uma das regiões mais industrializadas de Espanha. Em 2024, representou 8,1 por cento das exportações espanholas e captou mais de mil milhões de euros em investimento estrangeiro, e Portugal surge como um parceiro relevante. Em 2024, o País Basco foi o 7º maior cliente e o 9º fornecedor de Portugal em Espanha. Por sua vez, Portugal é o 6º destino das exportações bascas e o 9º fornecedor da região. O investimento basco em Portugal soma atualmente 1.285 milhões de euros, com 73 empresas bascas instaladas no país.