A operação AIRSECUR destaca-se como um projeto exemplar na integração entre ciência, inovação tecnológica e sustentabilidade. Liderado pela Ambiosfera – Energia e Ambiente, em colaboração com a ADAI, a Universidade de Coimbra e a Arfit, o projeto tem como objetivo desenvolver dois purificadores de ar interior capazes de remover vírus, bactérias e fungos, apoiados por sistemas inteligentes de monitorização contínua. Estas soluções pretendem melhorar a saúde pública, reduzir consumos energéticos e contribuir para ambientes interiores mais resilientes e sustentáveis.
Tecnologia avançada para ambientes mais saudáveis
Os purificadores, de diferentes dimensões, beneficiarão de um design otimizado através de modelação computacional, que permite orientar o escoamento de ar tratado ao longo do teto, recorrendo ao chamado efeito Coanda — o fenómeno físico que leva o jato de ar a “aderir” a superfícies próximas. Esta dinâmica facilita uma distribuição mais uniforme do ar no espaço, reduz zonas de estagnação e aumenta a eficiência de desinfeção.
O sistema integra sensores avançados que monitorizam parâmetros como temperatura, humidade, CO₂ e partículas em suspensão. Através de técnicas de Machine Learning e Inteligência Artificial, o equipamento ajusta automaticamente o caudal de ar e o modo de funcionamento, garantindo qualidade do ar adaptada às condições reais do espaço. Esta capacidade reduz o desperdício energético e melhora o desempenho dos sistemas AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado), reforçando o contributo do projeto para a transição verde.
Um desenvolvimento colaborativo e tecnicamente exigente
Segundo Nuno Carvalho, sócio-gerente da Ambiosfera, “o projeto AIRSECUR encontra-se numa fase de desenvolvimento muito avançada e em linha com o plano de trabalhos definido pelo consórcio”. A fase inicial de investigação permitiu consolidar conhecimento científico e tecnológico, possibilitando, nas suas palavras, “a incorporação no projeto dos mais recentes avanços científicos e tecnológicos encontrados”.
A simulação desempenhou um papel determinante. Com o contributo da ADAI e da Universidade de Coimbra, foi possível redefinir o desenho inicial do sistema. Como refere Nuno Carvalho, “o consórcio conseguiu alterar o desenho conceptual inicialmente previsto por forma a que as referidas atualizações fossem incorporadas e garantindo-se a viabilidade de produção do equipamento”.
Esta evolução não esteve isenta de desafios. “As dificuldades de integração foram diversas, apelando à grande capacidade técnica do consórcio e à sua forte resiliência”, afirma o responsável, destacando que esse esforço resultou no “sucesso da completa integração de todas as alterações previstas bem como das mais-valias associadas à eficiência do equipamento”.
Robustez tecnológica e preparação para testes avançados
Durante o processo, toda a eletrónica do sistema foi revista e consolidada para garantir robustez e fiabilidade. Paralelamente, foi desenvolvida uma interface gráfica intuitiva, centrada no utilizador final. Hoje, os purificadores encontram-se já em fase de produção, com todos os componentes integrados. “O consórcio trabalha agora na preparação das técnicas para ensaio dos equipamentos após saírem da linha de produção”, refere Nuno Carvalho, destacando a aproximação à fase de testes laboratoriais e em ambiente real.
O projeto tem igualmente investido na sua divulgação nacional e internacional. De acordo com o responsável, “todas as fases do presente projeto foram amplamente publicitadas (…) e apresentadas em duas feiras internacionais (Londres e Amesterdão) (…) onde foi possível partilhar as diferentes opções tomadas para o presente projeto e recolher importantes contributos junto dos principais players internacionais do sector tecnológico”.
Contributos para a saúde pública, economia e sustentabilidade
Os benefícios esperados do AIRSECUR vão muito além da inovação tecnológica. Ao remover eficazmente agentes patogénicos do ar, os purificadores podem reduzir infeções respiratórias, alergias e a carga sobre os sistemas de saúde, além de diminuir o absentismo laboral e escolar. Ambientes com melhor qualidade do ar têm sido associados a maior produtividade e bem-estar, reforçando assim o impacto social e económico da operação.
A capacidade de adaptação em tempo real contribui ainda para a eficiência energética, elemento central na resposta às alterações climáticas. A utilização de componentes de baixo consumo e a gestão otimizada do caudal de ar alinham o AIRSECUR com os objetivos de sustentabilidade ambiental promovidos pelo COMPETE 2030.
Uma solução de referência para o futuro
Combinando ciência, engenharia e inteligência artificial, o AIRSECUR posiciona-se como uma solução pioneira para ambientes interiores mais seguros, saudáveis e energeticamente eficientes. À medida que avança para a fase de testes finais, o projeto afirma-se como um exemplo de como o investimento em I&D pode gerar inovação com impacto real, contribuindo para a competitividade nacional e para a concretização da transição verde.
