Num dia decisivo para a Grécia, a horas do início da reunião do Eurogrupo, o Presidente da República disse esta quinta-feira que a Europa "não pode ceder a chantagens vindas de dentro ou de fora do seu espaço" e garantiu que o País está em condições para enfrentar um embate com a saída da Grécia da zona monetária.
"Portugal e a zona euro têm capacidade para conter efeitos de um acidente da zona euro. (...) As instituições europeias estão melhor preparadas para enfrentar acidentes com um país do euro", assegurou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas em Bucareste, Roménia, onde se encontra em viagem.
As declarações de Cavaco Silva chegam pouco mais de 24 horas depois de Pedro Passos Coelho ter garantido que Portugal tem condições para aguentar até ao final do ano um eventual impacto negativo da saída da Grécia nos mercados internacionais.
A Bloomberg noticiava ontem que Londres e Berlim estão a preparar planos de contingência para o Grexit e que a Holanda e Portugal davam sinais de estar no mesmo caminho. Questionada ontem pelo Económico, fonte do Ministério das Finanças recusou comentar o assunto.
Citado pela Reuters, o Chefe de Estado criticou ainda a atitude do governo de Atenas face aos credores reunidos no grupo de Bruxelas, referindo que não prejudicaram um entendimento para um plano de reformas que permita resolver as dificuldades de liquidez do país.
"Os últimos desenvolvimentos de diálogo entre a Grécia e os credores não foram positivos. (...) Foram feitas declarações muito agressivas sobre a 'troika' que não favorecem o diálogo", acusou.
Os ministros das Finanças da zona euro reúnem esta quinta-feira ao início da tarde no Luxemburgo com o dossier Grécia em cima da mesa. Ontem o titular grego da pasta, Yanis Varoufakis, afastou qualquer possibilidade de acordo neste fórum, atirando uma decisão para o conselho europeu de 25 e 26 de Junho.
De acordo com o governo de Atenas, os cortes nas pensões são a "linha vermelha" que impede a Grécia de assinar um acordo com os credores sem o qual - já reconheceu ontem o chefe da missão grega junto do grupo de Bruxelas - o país não conseguirá pagar a tranche única de 1.600 milhões de euros ao FMI dentro de 12 dias.