O Governo português utiliza um "discurso cor-de-rosa" quando se refere à evolução económica do país, na opinião do economista João Salgueiro, ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), que ontem foi recebido no Palácio de Belém numa audiência com o presidente da República Cavaco Silva.
Salgueiro frisou que concorda com as declarações do governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, na sua última intervenção, quando defendeu a necessidade de começar a corrigir o desequilíbrio das contas públicas já em 2010.
Questionado sobre as mais recentes declarações do primeiro-ministro, José Sócrates, sobre a prioridade do Governo estar centrada na promoção do crescimento económico e na criação do emprego, e não na correcção do défice, Salgueiro disse que "a prioridade dos últimos dez anos foi o crescimento económico, mas o país não cresceu como devia".
Quanto ao alerta da agência de notação de risco, Moody's, que ameaça cortar o "rating" da República Portuguesa se não forem tomadas medidas "credíveis" contra o défice, Salgueiro disse apenas que "se eles dizem, podem fazer". O corte no rating pode implicar um encarecimento no preço do dinheiro emprestado a Portugal.
Sobre o Orçamento de Estado para 2010, que o Governo se prepara para apresentar para discussão, Salgueiro afirmou que é necessário que o Orçamento de Estado "seja claro e dê uma resposta aos desafios nacionais".
A dívida pública deverá chegar aos 132,5 mil milhões de euros, mais de 80% do PIB, e o crescimento da economia ficará