"A Europa está em perigo", repete hoje George Soros, que volta a acusar os Governos europeus – e a Alemanha em particular – de só agora estarem a "a começar a levar a coisa a sério" e de, com isso, terem estado a alimentar uma bomba relógio sobre a economia mundial.
"Se o euro colapsar, teremos uma crise bancária fora de controlo. O mundo mergulharia de seguida numa profunda recessão", adverte.
Favorável à emissão conjunta de dívida pública (obrigações europeias), o investidor que fez tremer o euro quando este era ainda um embrião diz que é preciso urgentemente recapitalizar os bancos europeus, e olhar para a frente, resolvendo lacunas importantes na arquitectura da união monetária (como a ausência de um governo económico), mas também contradições insanáveis, como a que veda a possibilidade de países saírem do euro e simultaneamente a de serem resgatados.
Questionado sobre se os Tratados europeus devem ser alterados para explicitamente passarem a prever a saída do euro, Soros responde que sim e acrescenta que "o euro pode sobreviver à saída de países como a Grécia ou Portugal, de dimensões modestas". Em contrapartida, "a União explodira se esse fosse o caso de Itália ou de Espanha".
Mas, ressalva, mesmo a saída de um pequeno país como a Grécia tem de ser "minuciosamente preparada", caso contrário pode ser o "caos". "É preciso garantir que os credores não são espoliados, garantir os depósitos dos aforradores e fazer com que os bancos se mantenham de pé". Mais: "Tudo isso tem de ficar escrito, preto no branco".