A Grécia tem sido o foco das notícias financeiras nos últimos meses. Mas na última semana a situação escalou (não será ainda o último episódio com certeza) atingindo um nível verdadeiramente comprometedor para a estabilidade da moeda única europeia.
Novamente, as finanças públicas gregas parecem algo muito semelhantes a uma caixa de Pandora. Assim o Eurostat, anunciou que o défice orçamental real da Grécia em 2009 foi de 13,6%, em vez dos 12,7% mencionados anteriormente.
Além disso, a mesma instituição europeia alerta para a probabilidade de futuras revisões deste número para 14%.
Antes de apontar o dedo aos especuladores e aos mercados que têm vindo a vender agressivamente obrigações gregas fazendo disparar as taxas de juro daquele país, o que também teve um efeito de contágio na dívida pública portuguesa, devemos perguntar três coisas:
1 - quando é que vamos saber definitivamente o buraco real das Finanças Públicas gregas?
2 - É admissível que um país não saiba exactamente e profundamente a sua situação financeira e minta aos mercados?
3 - deve a UE (ou melhor, a Alemanha) preparar-se para engordar o pacote de ajuda à economia grega dos 30 mil milhões de euros propostos (o que manifestamente se afigura muito curto no médio prazo) e garantir uma taxa subsidiada à Grécia com um cap máximo que dissuada investidores de vendas continuas?
Pessoalmente ainda acho que as coisas se podem resolver para o bem do projecto europeu e da estabilidade da moeda única. Mas para que isso aconteça, mesmo que pareça injusto, a UE, ou a Alemanha, terá de mostrar a sua disponibilidade para apoiar os países mais fracos e em maior dificuldade, mesmo que em alguns casos seja por culpa própria.
Caso contrário, as taxas de juros continuarão a subir e, com certeza, a Grécia não poderá pagar 9% para financiar a sua economia por muito mais tempo sem cair definitivamente e arrastar o resto da Europa com ela.