Não, não é engano. Investir na Grécia é, neste momento, e aos olhos dos ‘Credit Default Swaps' (CDS), uma espécie de pesadelo financeiro quando comparado com nações completamente fora do radar da zona euro, como o Cazaquistão e as Filipinas.
Estes CDS funcionam como um seguro que "garante" ao investidor o reembolso do seu dinheiro no caso do país ou da empresa em causa não conseguir pagar as suas dívidas. É, por isso, uma medida de risco já que o preço do "seguro" será tanto mais caro quanto maior for a probabilidade (avaliada pelo mercado) do país ou da empresa entrar em incumprimento.
Ora dada a explicação e tendo-se por base o painel da Bloomberg com o valor dos CDS de obrigações a cinco anos emitidas por diferentes Estados chega-se à tal conclusão assustadora: a Grécia é um país mais arriscado que o Cazaquistão e muito mais arriscado que o Bahrein (fica perto do Irão se o leitor não souber).
Neste ‘ranking' com mais de 50 países, onde o grande objectivo é fugir ao cimo da tabela, a Grécia aparece logo em sexto lugar com CDS a cotar em 238 pontos base, apenas superada pela Ucrânia, Venezuela, Argentina, Dubai e Líbano, países que no dicionário dos mercados de dívida são sinónimos de pânico.
Este preço dos CDS helénicos a 5 anos implodiu com o recente "satisfaz menos" dado à Grécia pelas poderosas agências de notação financeiras Standard & Poor's e Fitch. O Governo de Atenas recusa-se a ser a próxima Islândia e até se comprometeu a emagrecer o défice orçamental até 2013, mas o mercado continua a dar sinais de que as medidas apresentadas são insuficientes para neutralizar o problema.
E Portugal?
Comparado com a Grécia, Portugal é um castelo bem fortificado no campeonato dos CDS. O preços destes seguros sobre obrigações do Tesouro a cinco ano são negociados nos 77 pontos base, o que faz da dívida portuguesa menos arriscada que a espanhola ou a italiana (ambas acima de 90 pontos base).