O açúcar é o bem alimentar que mais encareceu em Portugal nos últimos doze meses e essa é uma tendência global, de acordo com a análise efetuada no jornal “Cinco Días”.
Os bens alimentares básicos têm registado um crescimento assinalável nos últimos 12 meses na Europa, em geral, e em Portugal, em particular. Na liderança dos produtos que mais aumentaram em Portugal surge o açúcar, cujo preço subiu 63,1%, revela uma análise da plataforma HelloSafe que tem por base dados do departamento de estatísticas da União Europeia, Eurostat.
Os aumentos consecutivos do preço deste bem alimentar já ultrapassaram os níveis de 2016, algo que levanta alarmes na Europa, pela possibilidade de um verão difícil num contexto em que os bancos centrais e as administrações procuram conter ao máximo a pressão inflacionista.
A nível europeu, os dados da Comissão Europeia revelam um aumento homólogo de 78,5% em fevereiro, o mais elevado de todas as matérias-primas analisadas por Bruxelas. Este aumento supera o resto dos produtos que registaram aumentos na União Europeia (UE), como é o caso da carne de porco, que aumentou 64,5%, o queijo que subiu 25,8% e o preço do milho que cresceu 14,1%.
O índice de preços da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que contém 55 produtos agrícolas, atingiu o seu máximo histórico em março de 2022, com o início da invasão russa e tem, desde então, desencadeando uma queda contínua. Enquanto o preço dos óleos vegetais baixam 48% e o dos cereais descem 19%, o do açúcar aumenta 8%.
Beatriz Villafranca Serrano, economista do Caixabank Research, afirma que “os principais produtores de açúcar tiveram dois anos de campanhas muito más”, a economista aponta ainda que a produção local da Europa sofre uma redução das áreas de cultivo, maior período de seca e uma queda na rentabilidade da produção. Estes fatores aliados às oscilações das principais potências globais do sector, sugere que os aumentos de tensão e volatilidade vão ser comuns nos próximos meses.
A CIUS, a associação patronal europeia das indústrias alimentar e de bebidas açucaradas, referiu em setembro uma possível crise no mercado do açúcar, onde se conjugavam baixa de oferta e preços elevados. De acordo com a associação, que reúne pesos pesados como a Coca-Cola, Ferrero e Mondelez, as fábricas europeias olham para o seu futuro com preocupação.
Segundo Stephen Geldart, chefe de análise do grupo Czarnikow, no final de 2023 o preço do açúcar deve estar 12% acima do custo da produção.