Com uma economia que está poupada a um surto inflacionista global, a China é atualmente um dos quatro países do mundo com a inflação mais baixa, juntamente com o Japão, Arábia Saudita e Suíça. O índice de preços no consumidor na China subiu 1,5% em dezembro em relação ao mesmo mês do ano passado. Um abrandamento em relação aos 2,3% de inflação homóloga registados em novembro, segundo a estimativa publicada esta quarta-feira em Pequim pelo Gabinete Nacional de Estatística.
Também, os preços à saída da produção registaram um abrandamento na subida. Em dezembro, a variação homóloga desceu para 10,3%, abaixo dos 12,9% atingidos em novembro e já distante do máximo de 13,5% em outubro, um recorde em 26 anos.
O abrandamento na inflação no consumidor e na produção deveu-se ao controlo de Pequim sobre os preços de bens essenciais para a população – como a descida de 1,2% nos preços dos produtos alimentares em dezembro, depois de uma subida de 1,6% em novembro – e sobre as cadeias de fornecimento de matérias-primas fundamentais para a indústria e agroindústria. Só nos últimos quinze dias de dezembro em relação às duas semanas anteriores, os preços caíram em 34 matérias-primas num grupo de 50 monitorizado pelo Gabinete de Estatística.
A inflação anual desceu de 2,5% em 2020, o primeiro ano de pandemia com fortes distúrbios nas cadeias de fornecimento, para 0,9% em 2021. Os preços na produção subiram 8,1% em 2021, enquanto no ano anterior desceram todos os meses.
Banco central com mãos livres para estimular economia
Livre do surto inflacionista global – que se está a entrincheirar nas principais economias desenvolvidas e em muitas economias emergentes -, o Banco Central da China tem as mãos livres para prosseguir, a contracorrente, uma política de estímulos à economia com vista a cumprir as metas políticas do Governo, que pretende evitar que a economia chinesa cresça abaixo de 5% em 2022.
As estimativas apontam para um crescimento perto de 8% em 2021, e para 2022 variam num intervalo entre 4% e 6% segundo os analistas. O jornal Nikkei adiantou que fontes do Governo de Pequim referem uma meta política para um crescimento este ano no intervalo entre 5,5% e 6%.
O Banco Central da China aliviou a política monetária por duas vezes em 2021, em julho e dezembro, descendo o rácio obrigatório para as reservas dos bancos e cortando nas taxas de juro nos empréstimos, nomeadamente na área do incentivo a uma economia “verde”.