Seis em cada dez empresas portuguesas exportam já os seus vinhos para os Estados Unidos, mas apesar de este ser o segundo maior mercado de bebidas alcoólicas do mundo, só ultrapassado pela China, este destino não representa mais de 10% das exportações para a maioria das companhias. Só uma em cada dez assume destinar ao mercado americano entre 25 a 50% das suas exportações.
Os dados foram hoje apresentados no seminário 'O mercado americano de vinhos - Potencial para Portugal', organizado pela associação AmCham Portugal, em parceria com a AESE Business School e a PwC, mas são ainda preliminares, já que o estudo final de caracterização do mercado será apresentado no início de 2022.
Resultado de um inquérito realizado a 64 empresas, representativas do setor e das várias regiões vitivinícolas do país, o estudo indica que 78% das companhias são exportadoras e que, em 34% dos casos, as vendas ao exterior representam mesmo mais de metade da sua faturação. Das não exportadores, 66% planeiam sê-lo no espaço de dois anos. Bélgica, Alemanha, França e Países baixos são os principais destinos de venda na União Europeia e, fora dela, são o Brasil, Canadá, Reino Unido e Angola. Os EUA não aparecem sequer no top 8 dos inquiridos.
Dos 62% que já exporta os seus vinhos para os EUA, este mercado representa não mais de 5% das suas exportações para 29% dos inquiridos e não mais de 10% para 35%. Significativo é que só 12% das respostas indicam um conhecimento muito bom do mercado; 28% diz conhecê-lo razoavelmente e 22% assume que conhece pouco dos EUA.
O elevado potencial do mercado americano é o principal motivo da exportação para 29% dos inquiridos, seguindo-se, com igual peso, 20%, a necessidade de diversificar mercados e de reduzir riscos do mercado interno. E dos que já vendem para os EUA - o mercado americano de vinhos valia, em 2019, quase 54 mil milhões de dólares (48 mil milhões de euros) - 81% fazem-no há mais de cinco anos. O canal de entrada no mercado são, maioritariamente, os importadores locais de dimensão regional (36%) ou nacional (31%). Só 14% das empresas têm agentes distribuidores nos Estados Unidos e 6% contam com uma sucursal ou filial no país.
Mas 71% das empresas têm, no máximo, cinco clientes americanos. Sendo que, em 26% dos casos, há apenas um cliente no total. Nova Iorque e Califórnia são os Estados mais referidos pelos inquiridos. Portugal é o oitavo maior país parceiro de importação de vinhos pelos Estados Unidos e o quarto a nível europeu.
Os dados preliminares já apresentados contam com alguns números sobre o mercado global de vinhos, que cresceu a uma média anual de 3% até 2019, caiu 17% em 2020, mas é esperado que cresça acima dos 10% ao ano até 2025, altura em que deverá valer 451 mil milhões de dólares (quase 400 mil milhões de euros). O mercado americano de vinhos cresceu 6% ao ano entre 2015 e 2019, mas caiu 13% em 2020, com a pandemia. As previsões apontam para que regresse à rota de crescimento já este ano, com uma taxa média ao ano de 9%, para chegar a 2025 quase nos 73 mil milhões de dólares (65 mil milhões de euros).
"As relações entre Portugal e os Estados Unidos continuam a crescer e as empresas nacionais devem saber aproveitar todo potencial deste país, neste caso enquanto um dos principais mercados importadores e consumidores de vinhos do mundo. O vinho português está a crescer mas ainda não tem um nível elevado de divulgação junto dos consumidores americanos.
Acredito que continuam a existir muitas oportunidades de crescimento neste mercado e que este projeto pode ajudar as empresas a aproveitá-las", defende António Martins da Costa, presidente da AmCham Portugal, associação empresarial que procura desenvolver as relações económicas e comerciais entre Portugal e os Estados Unidos.